Biografia

Comecei a trabalhar, em rádio, com sete anos. E não parei mais. Quem pode saber onde termina o gosto e começa o vício? O certo é que o trabalho dá sentido à minha vida. Na televisão, atuei em muitas novelas, no tempo do "ao vivo e em preto e branco". Os capítulos iam ao ar três vezes por semana. Era uma estiva, não dava tempo pra nada. Tudo de primeira. Depois, com o videoteipe, tudo ficou mais fácil – errou, grava de novo.
Na minha fase paulista, trabalhei como atriz e apresentadora nas rádios Tupi e Jovem Pan e na Tv Record. Ainda em São Paulo, na Tv Record, atuei no "Família Trapo", ao lado de Zeloni, Jô Soares e Renata Fronzi. O programa foi uma espécie de pai da Grande Família e avô do Sai de Baixo. Um sucesso. Na década de setenta, mordida pela mosca do jornalismo, também na Record, apresentei o programa "Dia D", importantíssimo para minha carreira. Nele, cobri o milésimo gol do Pelé, a Copa do Mundo do México, a tournée de Elis Regina, no Olimpiá de Paris. E entrevistei Jean Genet, Papillon, Claudia Cardinale, Alberto Sordi, Alan Delon e Jean Paul Sartre. 

Quase ao mesmo tempo, protagonizei o "Cidinha 70", inaugurando o Psicodrama na Tv. 
Mudei para o Rio e fui para a TV Tupi onde fiz Cidinha Livre. Já estava aprovada no vestibular para carioca, definitivamente adotada pela cidade. Pois é, carioca, rubro-negra e colunista do "Jornal dos Sports", verdadeira certidão de batismo. Depois, fui a primeira repórter internacional do Fantástico. Quando a Globo me demitiu, Juca Chaves me deu a idéia de fazer uma peça teatral. Nasceu o "Homem Não Entra", monólogo com o qual percorri todo o país, sempre com casa lotada. A ditadura não gostou e me deixou fora de cena até poder voltar por força de uma Ação Judicial.

A montagem mereceu matérias, em 1985, no "Times", "Washington Poste em jornais da Espanha, França Venezuela e Japão. Nada mal. O certo é que foi a primeira peça de teatro que vetou a entrada do sexo masculino. Os homens não gostaram da exclusão e acabaram ganhando de presente "Agora, traga o seu homem". Dentro do possível, tudo acabou bem. Mais uma vez, o rádio voltou a desempenhar papel fundamental na minha vida – estréia o Programa Cidinha Livre, que firmou, definitivamente, a aliança entre mim e o povo do Rio de Janeiro. Nos microfones das rádios Nacional, Tupi e Manchete, por mais de vinte anos, os problemas da população passaram a ser meus problemas e ajudar a resolvê-los, uma luta de todos os dias.

Em 1982, meus caminhos se cruzaram com os de Leonel Brizola, candidato a governador. Fiz uma entrevista com ele sobre sua vida e seus projetos em caso de vitória. Foi amor à primeira vista. Participei da campanha e de todos os movimentos que se seguiram, principalmente o das Diretas Já. Sem saber, eu estava sendo empurrada para a política. Troquei as câmeras pela Câmara. Ganhei minha primeira eleição para deputada federal. Presidente da época – Fernando Collor de Mello. Mal tinha esquentado minha cadeira no Plenário e pedi o seu "impeachment" por descumprimento da Constituição, ao se negar a pagar o reajuste dos aposentados. O resto da história daquele alucinado todo mundo conhece. No entanto, a primeira impedida fui eu. Meu programa na Rádio Tupi era líder de audiência. Mas o empresário preguiçoso preferiu ficar com as verbas oficiais e me tomou o emprego. Anos depois, a situação se repetiria, envolvendo a mesma emissora, o mesmo patrão e a mesma vítima. Mudaram o cargo e seu ocupante. Na farsa, o jovem presidente foi substituído pelo garotinho governador.

Nos meus dois mandatos de deputada federal dei prioridade ao combate à corrupção. Uma trabalheira se considerarmos a quantidade de corrupto. Percebi que a Previdência Social era o principal foco da roubalheira e o Rio de Janeiro a central de operações. A rede de criminosos e fraudadores não conhecia limites, com representantes nos poderes executivo, legislativo e judiciário. Por isso, as investigações e denúncias que fiz – todas comprovadas – me valeram uma tonelada de processos judiciais. Nos tribunais superiores ganho todas as questões, mas, até chegar lá, perco tempo e dinheiro. E como!

O certo, porém, é que a CPI da Previdência da qual fui a relatora conseguiu pôr na cadeia grandes fraudadores. Verdade que o maior deles, o argentino Cesar Arrieta, depois de nove meses preso, está na rua livre leve e solto e roubando como nunca ou como sempre. Alguma coisa me diz que, logo, logo, teremos mais notícias dele...

A saudade da família, principalmente, me trouxe de volta ao Rio. Exerço, atualmente, meu segundo mandato na Assembléia Legislativa. Sou autora da lei que obriga todo hospital público estadual realizar os exames de mamografia e densitometria óssea, fundamentais na prevenção do câncer de mama e da osteoporose. Do substitutivo de Lei que trata da implantação de caixas postais comunitários, garantindo o acesso a seus serviços à população carente do estado. Da Lei que proíbe a revista de pessoas e objetos na entrada das agências bancárias. De uma outra que obriga as concessionárias de serviços públicos a restabelecerem, em 24 horas, a prestação do serviço quando a interrupção não se der por culpa do usuário. Consegui a aprovação de leis que priorizam o atendimento hospitalar e isentam das custas e emolumentos judiciais pessoas com mais de 65 anos.

No tema corrupção, denunciei as irregularidades da administração da Cehab-Rj, que culminaram com o afastamento de seu presidente Eduardo Cunha. O Ministério Público do Rio arquivou as denúncias. No mesmo período, o MP também arquivou as que incriminavam Silverinha. Diante desse surto de arquivamento, toda vez que falo de um, lembro do outro. Em 2002, presidi a CPI que investigou as fraudes nos Postos de Benefício do INSS, no município do Rio de Janeiro. Meu relatório foi aprovado por unanimidade pela comissão. Mas foi rejeitado pelo plenário. O corporativismo falou mais alto. Vários deputados foram denunciados.

Presidi a Comissão de Defesa do Consumidor por 9 anos e era vice-líder da bancada do PDT. Não aceitei participar da CPI do Silverinha quando descobri que os deputados Carlos Minc, do PT, Edmilson Valentim, do Pcdo B e André, do PV, haviam recebido doações de campanha da empresa Rio de Janeiro Refrescos – Coca-Cola – que foi beneficiada por renúncia fiscal, providenciada pelo grupo do Silverinha, no valor de 468 milhões de reais.

Quando não estou trabalhando, adoro cozinhar. A família e os amigos dizem que não faço feio. E me dedico à minha maior paixão: Sofia, minha neta querida. Este foi só um recado, pra quebrar o gelo destas páginas da Web. Quem quiser saber mais a meu respeito, basta consultar o currículo que se segue. Me orgulho muito dele.

Um beijo, 

Cidinha Campos